domingo, outubro 30, 2016

Raças, racismo, fascismo

Postei esse texto no Facebook há dois anos, em 27 de outubro de 2014, quando alguns idiotas andaram falando besteiras de caráter racial aqui nessa Terra Brasilis. Gosto muito dele, tanto que resolvi coloca-lo também aqui, com algumas pequenas edições, quase todas acréscimos.

o 0 o 0 o 0 o 0 o


Sobre essa coisa de raças

Tenho vacas Jersey e Holandesas, variedades chamadas raças da espécie Bos taurus. Uma das holandesas anda pelos 30 litros de leite por dia. Há vacas holandesas que produzem muito mais por aí afora, fruto de genética apurada e alimentação de alto valor, tanto calórico e proteico quanto financeiro.

As Jersey produzem volumes menores, mas é um leite incomparavelmente mais rico em sólidos totais (proteínas, gordura, minerais), que é o que importa. Além disso, são bem menores que as holandesas, o que significa que comem menos e costumam ser mais lucrativas.


Para manter o rebanho produtivo e até aumentar a média de leite produzido, recorro à inseminação artificial. Compro sêmen de bons touros, tanto americanos e canadenses ou europeus como brasileiros, de forma a gerar bezerras geneticamente melhores que suas mães e, por extensão, na maioria dos casos, melhores produtoras.

Trocar material genético, introduzir novo material genético (refrescar o sangue, melhorar o sangue, no popular), é fundamental em qualquer criação comercial.


Nós, humanos, somos animais.
Nosso nome cientifico é Homo sapiens. O sapiens é meio tolo, presunçoso, arrogante, particularmente nos dias de hoje, mas... Vá lá, deixemos assim pela tradição.

Entre nós, humanos, o incesto é tabu.
Moral?
Sim. 
Moral e calcado no reconhecimento de que o cruzamento endogâmico leva à degenerescência da raça.

Tribos “primitivas” em África e Ásia tinham como costume guerrear com outras, mas não por territórios e sim por mulheres. Vale dizer, por material genético novo.
Instinto.


Pois bem, somos o que somos, a humanidade é o que é graças à evolução. 
E a evolução jamais prescindiu das trocas genéticas. 
Como exemplo, basta ver algumas famílias reais europeias, que, simplesmente, degeneraram fisicamente, fruto da endogamia. 

Então, vejam só, o sagrado e universal e constitucional direito de ir e vir é, também, uma necessidade biológica. 

Minha família é uma mestiçaiada danada!
Por parte de mãe, meus bisavós eram italianos, da Calábria, na época era algo como o Nordeste antigo, só que na Itália: muito pobre, não desenvolvido, com severos problemas climáticos, que forçavam as pessoas a procurarem novas terras para viver. 
Por parte de pai, uma bisavó era índia. Antes dela, porém, teve mais sangue indígena e, com toda certeza, também o negro.

Se dependesse dos “gênios” puristas que arrotam besteiras hoje contra nordestinos ou contra paulistas, tanto de um lado como de outro, assim como contra negros ou orientais, contra europeus ou contra índios, eu mesmo não existiria, pois vê lá que calabreses miseráveis e famintos poderiam vir para esse paraíso! 


Sem os imigrantes, os Estados Unidos da América seria apenas mais um país grande, talvez um pouco mais rico que a gente. Muito da grandeza e riqueza americana é devida aos imigrantes, sem falar que os próprios wasps nada mais são que descendentes de ingleses, escoceses e irlandeses muito pobres ou perseguidos pela religião.

Vamos entender de uma vez por todas que todo e qualquer preconceito é estúpido ao extremo!
Que somos todos rigorosamente irmãos, biologicamente falando.
Todos nós temos a África no sangue, o que é muito fácil de ver pelas análises mitocondriais. 

A África é nossa terra ancestral.

E sem o intercâmbio genético proporcionado pelo ir e vir do comércio, pelas guerras, pelas migrações para fugir da fome, da peste... Para fugir do deus oficial de plantão, do que quer que seja, enfim, nada seríamos.

Estaríamos extintos.

Ou teríamos regredido a um estágio inferior àquele em que hoje estão os chimpanzés.

Nordestinos são iguaizinhos a qualquer um do Sul ou do Sudeste ou da Patagônia. Claro, há que descontar o jeito de falar de cada um, o que não é diferença e sim variação do mesmo.
E nós, paulistas, também somos idênticos aos nordestinos.
Nem melhores, nem piores.

Até os fascistas, ou fachistas, como diz aquela senhora plagiadora do partido que se diz de quem trabalha, são iguais a todos nós.
Pasmem! – até a cabecinha deles é semelhante, só que mal ocupada, mal trabalhada.

E mais: fascista é fascista, diga-se ele de direita ou de esquerda. É tudo igual.





Nenhum comentário: