Às 22h10 fui até o pluviômetro. Marcava mais 32,0 mm depois
dos 35,0 da manhã e madrugada.
Faltando ainda, naquele momento, pouco menos de 2 horas para
acabar o dia, tínhamos um total de 67,0 mm de chuva. No acumulado dos 30 dias o
número do título: 313,0 mm.
Continua chovendo, mas essa chuva de agora vai entrar para a
conta de dezembro. Bom, a menos que a Brahma continue berrando atrás do bezerro
que nasceu no final da tarde. O infeliz parece ter um gosto especial em passar
por baixo do fio que divide o piquete e se afastar da mãe, que berra. Aí, lá
vai o marmitão embaixo de chuva tocar o bichinho pra perto da mãe novamente. Haja
paciência... Tudo porque ela adiantou o parto 5 dias, pegando-nos de surpresa,
e não pôde ser levada para o que chamamos piquete-maternidade.
Por que não?
Porque desde sua cria anterior, a Betina, ainda em janeiro
desse ano, a Brahma mudou o comportamento e passou a ficar agressiva quando
tentamos nos aproximar do bezerro ou bezerra para cuidar do umbigo e ajuda-lo
na primeira mamada. Com isso, e para não estressá-la com corda e força e o escarcéu
correspondente, optamos por deixa-la no pasto. Péssima decisão, com toda essa
chuva que não imaginávamos.
Essa mudança comportamental dela foi uma coisa muito
estranha, para a qual não encontramos explicação, pois as vacas Jersey e
Holandesas, como é o caso dela, há mais de século ou século e meio não oferecem
resistência alguma ao manejo, mesmo recém-paridas. Por conta dessas idas &
vindas ao pasto já tomei dois banhos extras. Pensei que fosse tomar mais um
agora, mas não foi preciso. Meno male.
Sim, eu sei, eu reclamei terrivelmente da seca.
Só há uma coisa pior que a seca para um produtor rural: o
excesso de chuvas.
É, não somos nós que somos complicados, é a nossa atividade.
Sem chuva, sem comida.
Com chuva, muita comida.
Com chuva em excesso, comida de menos ou nenhuma.
Também precisamos de luz e calor, o que fica por conta do
Sol. A luz para a fotossíntese, o milagroso mecanismo que permite a existência de
vida nesse planetinha azul. Calor para que nossas plantas, todas subtropicais
ou tropicais, se desenvolvam.
O que são 67 mm (a caminho dos 70 somente hoje) de chuva?
Dias atrás, durante 30 minutos choveu um total de 58 mm em São
Carlos.
Ruas e avenidas foram inundadas, a ponto de carros se
transformarem em desajeitos jet skis sem direção.
A marcação de 1 mm – um milímetro – de chuva, significa a queda de 1 litro de água em
uma área de um metro quadrado – 1 m² (um quadrado com 1 metro de lado).
Em um hectare, unidade padrão para áreas agrícolas, que tem
10.000 m² de área, uma chuva de 1 mm significa que 10.000 litros de água caíram
sobre aquela área. Aqui no sítio hoje, até as 22h10, tínhamos um total de 670.000
litros de chuva por hectare, ou seja, 67 litros por metro quadrado.
Nesse mês de novembro que ora se encerra, o total de água
por m² foi de 313 litros.
Cada um dos 12 hectares do Sítio das Macaúbas recebeu a
bagatela de 3.130.000 litros de água durante o mês. Digamos, como se 313
caminhões-tanque de 10.000 litros viessem para cá e espalhassem sua carga em
cada hectare. Ou seja, para o sítio inteiro... quase 4.000 caminhões-tanque de
10.000 litros cada.
Tal como aconteceu em São Carlos, o problema está no
cruzamento de volume com tempo. Ora, 58 mm em meia hora é uma tromba-d’água! Já
os 67 mm em cerca de 20 horas é chuva demais, encheção de saco demais, mas não
configura uma situação de problemas graves. A menos que haja ventos e hoje
teve. Um dos galhos de uma das lofanteras do nosso gramado caiu e por meio
metro não caiu sobre a varanda-garagem.
Que beleza...
Precisamos do Sol agora. Vários dias seguidos, para o capim
crescer absurdamente, para os animais voltarem a ficar confortáveis, para o
barro secar, para a vida voltar a um ritmo mais normal e, também para nós,
humanos, mais confortável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário