A cada dia leio artigos e comentários das mais diversas
pessoas falando bem da ditadura.
Isso, da ditadura militar implantada em 1964 que destroçou e
atrasou o desenvolvimento do país. Que matou e torturou em nome – absurdo – de uma
liberdade que não existia.
Dizem que a memória é seletiva e é mesmo. Esquecemos o que é
ruim e lembramos do que nos parece ter sido bom.
Houve, é verdade, crescimento econômico apreciável durante a
ditadura. É o chamado, ainda hoje, “milagre econômico”.
Abobrinha.
Como abobrinha é, não se iludam, toda a pataquada chata e
repetitiva que temos que ler e ouvir sobre o “crescimento” do Brasil nos
governos petistas. Aliás, nesse ponto, o da mistificação, da mitificação, da enganação
via propaganda (que é muito mais que “anúncios e reclames” nas mídias), a
ditadura dos militares e os governos petistas são rigorosamente idênticos. Ironia
histórica, vejam só.
O Brasil teria crescido a mesma coisa, ou mais ainda, sob um
regime democrático. Tal como teria ocorrido nesse começo de século XXI,
independentemente do governo de plantão em Brasília (a menos que fosse uma
ditadura como a de Chávez, na Venezuela).
Porque, meus amigos, o Brasil sempre cresceu de forma
reativa.
Reagindo, com atraso e lerdeza, aos pulsos de crescimento da
economia mundial. Nunca fomos pró-ativos nessa questão. Nunca fomos agentes de nossa própria
história.
“Duela a quien duela.”
Hoje, com infelicidade e temor crescentes, leio escritos de
gente supostamente inteligente e com visão do mundo e da história, clamando
pela volta da ditadura e seus capatazes e feitores. Foi durante a ditadura
militar que prosperaram a corrupção.
Dizem que eles próprios, os generais de plantão na presidência,
morreram pobres ou algo próximo disso.
Pode ser, pouco me importa, pois o que
importa é que perpetraram crimes contra a cidadania e contra o progresso e
deram guarida ao crescimento da corrupção que hoje desgraça o país.
Não se iludam. A ditadura foi uma merda – e ao dizer isso
estou sendo generoso, pois ela foi assassina, ela foi criminosa, ela cassou
nossas liberdades, cassou nosso sagrado direito à palavra e dizer que ela foi
uma grande merda é muito pouco e redutor.
Não se iludam. É muito melhor viver sob um regime
democrático (e não somos, como nunca fomos, plenamente democráticos, até porque
o sistema econômico dominante não é o capitalismo, e sim uma variante desse
sistema, uma variante doente, deturpada, distorcida – e grande parte disso pode
e deve ser creditada aos militares ditadores, que se não entendem de
democracia, história e política, tampouco entendem de economia), ainda que com
um Congresso chamado de lixo – e aqui nos esquecemos do óbvio: o Congresso
somos nós – do que sob uma “boa” ditadura.
Não se iludam, não há ditadura boa. São todas terríveis e
maléficas. São assassinas, tanto de pessoas fisicamente, como de ideias e do
progresso real das pessoas, das nações, da humanidade. Hitler, Stalin, Mao,
Franco, Salazar, Pinochet, nossos generais-presidentes, os assassinos generais
argentinos, são todos iguais, claro que com diferentes números, amplitude e
intensidade de malefícios. Coloquem os irmãos Castro nessa lista, podem colocar
Chávez e outros déspotas menores e maiores. É tudo farinha do mesmo saco.
Querem progresso?
Querem uma vida melhor?
Querem maior renda e mais benefícios reais?
Simples: peguem a lista dos países mais ricos e mais
desenvolvidos do mundo, sob todos os aspectos, e vejam o que todos eles têm em
comum...
Democracia.
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