domingo, março 09, 2014

Saudade ilusória ou a saudade enganada de um tempo que não existiu



A cada dia leio artigos e comentários das mais diversas pessoas falando bem da ditadura.

Isso, da ditadura militar implantada em 1964 que destroçou e atrasou o desenvolvimento do país. Que matou e torturou em nome – absurdo – de uma liberdade que não existia.

Dizem que a memória é seletiva e é mesmo. Esquecemos o que é ruim e lembramos do que nos parece ter sido bom.

Houve, é verdade, crescimento econômico apreciável durante a ditadura. É o chamado, ainda hoje, “milagre econômico”.

Abobrinha.

Como abobrinha é, não se iludam, toda a pataquada chata e repetitiva que temos que ler e ouvir sobre o “crescimento” do Brasil nos governos petistas. Aliás, nesse ponto, o da mistificação, da mitificação, da enganação via propaganda (que é muito mais que “anúncios e reclames” nas mídias), a ditadura dos militares e os governos petistas são rigorosamente idênticos. Ironia histórica, vejam só.

O Brasil teria crescido a mesma coisa, ou mais ainda, sob um regime democrático. Tal como teria ocorrido nesse começo de século XXI, independentemente do governo de plantão em Brasília (a menos que fosse uma ditadura como a de Chávez, na Venezuela).

Porque, meus amigos, o Brasil sempre cresceu de forma reativa.

Reagindo, com atraso e lerdeza, aos pulsos de crescimento da economia mundial. Nunca fomos pró-ativos nessa questão.  Nunca fomos agentes de nossa própria história.

“Duela a quien duela.”

Hoje, com infelicidade e temor crescentes, leio escritos de gente supostamente inteligente e com visão do mundo e da história, clamando pela volta da ditadura e seus capatazes e feitores. Foi durante a ditadura militar que prosperaram a corrupção.

Dizem que eles próprios, os generais de plantão na presidência, morreram pobres ou algo próximo disso. 

Pode ser, pouco me importa, pois o que importa é que perpetraram crimes contra a cidadania e contra o progresso e deram guarida ao crescimento da corrupção que hoje desgraça o país.


Não se iludam. A ditadura foi uma merda – e ao dizer isso estou sendo generoso, pois ela foi assassina, ela foi criminosa, ela cassou nossas liberdades, cassou nosso sagrado direito à palavra e dizer que ela foi uma grande merda é muito pouco e redutor.


Não se iludam. É muito melhor viver sob um regime democrático (e não somos, como nunca fomos, plenamente democráticos, até porque o sistema econômico dominante não é o capitalismo, e sim uma variante desse sistema, uma variante doente, deturpada, distorcida – e grande parte disso pode e deve ser creditada aos militares ditadores, que se não entendem de democracia, história e política, tampouco entendem de economia), ainda que com um Congresso chamado de lixo – e aqui nos esquecemos do óbvio: o Congresso somos nós – do que sob uma “boa” ditadura.


Não se iludam, não há ditadura boa. São todas terríveis e maléficas. São assassinas, tanto de pessoas fisicamente, como de ideias e do progresso real das pessoas, das nações, da humanidade. Hitler, Stalin, Mao, Franco, Salazar, Pinochet, nossos generais-presidentes, os assassinos generais argentinos, são todos iguais, claro que com diferentes números, amplitude e intensidade de malefícios. Coloquem os irmãos Castro nessa lista, podem colocar Chávez e outros déspotas menores e maiores. É tudo farinha do mesmo saco.


Querem progresso?

Querem uma vida melhor?

Querem maior renda e mais benefícios reais?

Simples: peguem a lista dos países mais ricos e mais desenvolvidos do mundo, sob todos os aspectos, e vejam o que todos eles têm em comum...


Democracia.

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