Nossa câmara alta – vou assim chamar o Senado – tem 81
senadores.
São 81 parlamentares que, em tese, deveriam ser da melhor
estirpe política, os melhores dentre os melhores, com experiência de vida e das
coisas da política e da república.
Deveriam ser o suprassumo dos representantes do povo, algo
como, guardadas as diferenças, devem ou deveriam ser os juízes do Supremo
Tribunal Federal. Nessa casa da justiça já sabemos que a coisa não é bem assim.
Na câmara alta da política é ainda pior, muito pior, infinitamente
pior.
A eleição de Renan Calheiros para exercer a presidência dessa
casa pela terceira vez é boa prova disso.
Que o povo das Alagoas tenha reeleito essa figura uma vez
mais é perdoável, dado o alto grau de ignorância política do eleitor
brasileiro, do Oiapoque ao Chuí. Que seus pares tenham-no reconduzido à presidência
de uma casa que deveria ser nobre e exemplar é tenebroso, é assustador e
leva-nos a questionar que futuro nos espera.
Dos 81 senadores, 56 votaram nesse personagem de já tristes
lembranças, dois anularam seus votos, espero que por decência e vergonha na
cara e dois votaram em branco, algo indigno de quem se dispõe a votar. Três dos
senadores não se dignaram a comparecer ao trabalho. Nem por isso serão punidos,
ao contrário de nós, cidadãos, que não temos o direito de votar e sim a
obrigação de votar, troço muito diferente e nem um pouco democrático, daí
chamar de troço e não de coisa.
De senadores do PT e do PMDB não esperava nada diferente. Os
números, entretanto, dão praticamente a certeza de que senadores eleitos pelo
PSDB votaram no candidato vencedor. Mais uma prova do quão calhorda e sem
coluna vertebral tornou-se o partido que foi criado para mudar o Brasil.
Aliás, todo grupo político que se organiza com esse discurso
mentiroso acaba caindo na vala comum da mesmice e sem-vergonhice de sempre. O partido
que se intitula como sendo dos trabalhadores que o diga, não é mesmo?
O Brasil político do Século XXI sequer tem o pouco da decência
que, segundo a história, tinha o Brasil político do Século XIX.
Regredimos.
Tal e qual nossa educação e a chamada “progressão” continuada.
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