A saca do farelo de soja chegou a oitenta reais. Inacreditável.
O milho sobe, não dá para saber o quanto mais subirá.
Milho e soja respondem por quase um terço dos custos de
produção, em média. Não há fuga, têm que ser usados. Eventuais ou possíveis
substitutos têm custos parelhos, ligeiramente menores, mas com qualidade
inferior. Melhor pagar um pouco mais e ficar com o que é bom.
Voltando para o sítio depois de ter levado o Dito para sua
casa, no pequeno distrito de Santa Cruz da Estrela, antiga Jacirendi, tive o
Sol bem à minha frente. Mas não ofuscou e nem estava com óculos escuros. A linha
do horizonte escondia a maior parte de seu disco e deixava somente um semicírculo
alaranjado, puxando para o vermelho.
No alto do morro antes de chegar no sítio
do Sandro, parei o carro por alguns minutos, enquanto o Sol “descia” e
escondia-se no horizonte. Nenhum carro passou, as vacas num pasto próximo não
se dignaram a perder mais tempo que o suficiente para um rápido olhar de avaliação.
Um final de dia gostoso, a temperatura em confortáveis vinte e quatro graus e a
vista tomada por sítios e fazendas, lavouras de cana e um pouco de laranja,
pastos e eucaliptos, aqui e ali manchas do que já foi mata nativa. Com jequitibás e
pau-d’alhos imponentes, muitas vezes centenários, hoje reduzidos a um aqui,
outro muito longe.
Na outra encosta, em meio ao canavial recém-brotado, uma
velha e retorcida copaíba, que ficou solitária quando a mata foi derrubada. Foi
cercada pelo café e depois pelo pasto. Que cedeu lugar a grande pomar de
laranja, até que as doenças chegaram e o pomar se foi, doente, degradado, ocupado por dezenas de vacas em busca do que comer.
Não faz muito tempo os esqueletos que um dia perfumaram o ar nas floradas e carregaram-se de amarelo na safra, foram reunidos e empilhados em montes pelas lâminas dos tratores e a fumaça das fogueiras tomou conta de parte do céu.
As vacas foram embora, prefiro não saber para onde, e a cana, mais cana, cerca agora a solitária copaíba, que a tudo isso sobreviveu.
Não faz muito tempo os esqueletos que um dia perfumaram o ar nas floradas e carregaram-se de amarelo na safra, foram reunidos e empilhados em montes pelas lâminas dos tratores e a fumaça das fogueiras tomou conta de parte do céu.
As vacas foram embora, prefiro não saber para onde, e a cana, mais cana, cerca agora a solitária copaíba, que a tudo isso sobreviveu.
O Sol sumiu no horizonte, ficou somente sua claridade morna
e suave de um fim de tarde invernal.
Voltei para o carro e o preço da soja reocupou seu lugar
perdido enquanto dirigia os três quilômetros finais até chegar em casa.
E apesar de parar, descer, fechar a porteira, voltar para o carro e dirigir mais trezentos metros ou pouco mais que isso, como todo dia útil, tive a consciência de que vivera um momento único.
E apesar de parar, descer, fechar a porteira, voltar para o carro e dirigir mais trezentos metros ou pouco mais que isso, como todo dia útil, tive a consciência de que vivera um momento único.
Como todo momento que vivemos.
Banal, simplesmente único.
Nenhum comentário:
Postar um comentário