sábado, julho 09, 2011

Manhã de sábado

Mais um dia que amanheceu gelado, literalmente. A Tempra, uma vez mais, coberta por uma capa de gelo, assim como os pastos baixos e gramados. Nos termômetros, zero grau. Vacas e bezerros levantando com preguiça e alongando os músculos lentamente. É o que podemos chamar, para seguir o modismo, de inteligência biológica.

O café quente desce gostoso e reanima, estava quase escrevendo ressuscita, mas os dois verbos não são corretos: hoje, ele anima, simplesmente.

Que me perdoem os certinhos de todos os hemisférios, mas cafeína é um motor fantástico.

Eu sou um cara caffeine powered, assumo, desde criança, com 5 ou 6 anos de idade. Bebia café frio e doce em copo, mais de dois por dia. Nos tempos de militância mais pesada, saía de casa de madrugada, depois de duas ou três horas de sono, levando no estômago um copão de café frio da tarde do dia anterior e um pedaço de pão com bastante manteiga. Era a energia que me mantinha ativo até as duas ou três da tarde. Aos 18 anos fazemos coisas impensáveis aos quarenta, cinquenta...

Por sinal, café doce nem pensar, só quando visito alguém que o faz já adoçado. Gosto do café puro, mudança adquirida perto dos trinta, provocada pela eterna gastrite. Sem açúcar, a bichinha diminuiu e desde então temos convivido mais ou menos bem.

Enquanto preparava a cana para picar e fazer o trato da manhã, a Rosa chamou-me para mostrar os Tucanos. Ou melhor, tucanos, pois eram 4 a comer mamões nos nossos mamoeiros carregados. Figuraças. Comem de tudo: frutas, coquinhos, ovos, filhotes de passarinhos e aves... Os Tucanos, denominados T-27 pela FAB, também povoam nosso ceu e, às vezes, fazem manobras bem em cima de nossas cabeças. Em algumas, o barulho é ensurdecedor e dispara a injeção de litros de adrenalina no nosso sistema. Imagino esses bichinhos e outros parentes atacando de verdade, disparando mísseis terra-ar, bombas e tiros de metralhadoras .50. Por pior que consigamos imaginar ainda estaremos a anos-luz da sensação real.

Hoje foi difícil chegar à NewBooks, onde o Leandro até agora não deu as caras. É o frio, ainda bem que a Michele e a Monica não deixam a peteca cair e, mesmo feriado, aqui estamos. Já tomei um expresso e comi um pão-de-queijo bem quente.

Chega um rapaz, mulato alto, forte pra burro, bem falante e começa a conversar com a Monica. A horas tantas, comentando o feriado, dispara que é referente a quando “São Paulo quis se separar do resto do Brasil”.

O mito persiste, devidamente manipulado e perpetuado Brasil afora por interesses paroquiais. Em outros tempos teria feito um discurso e colocado a verdade na cabeça dele. Ou assim pensaria. Hoje, ouço, penso e volto a escrever e liberar comentários no OCE. Desencanei.

A gloriosa prefeitura santarritense – gloriosa, carésima (hummmmmmmm...) e inútil – dividiu a cidade em duas partes. Para chegar aqui tive de dar uma volta enorme, metade dela despejando palavrões cada vez mais cabeludos à medida que novas ruas apareciam bloqueadas, para desespero da Rosa. Paciência.

No OCE, um sujeito escreveu um comentário imenso, mais de 50 linhas, bem mais. Nas quatro primeiras já tinha me ofendido sei lá quantas vezes, inclusive falando dessa bela faccia que ostento. Na quinta ou sexta ofendeu até meu pai, grande pequena figura, a quem devo, em boa parte, ser são-paulino, algo que está no meu DNA. Aí não deu, nem li o restante, deletei tudo. Minha vingança foi dizer ao imbecil que ele escreveu um monte e eu li um tiquinho só. Trabalhou à toa, deu-me chance de dar uma resposta do tipo que gosto e ainda rendeu assunto para encher meia dúzia de linhas com linguiça.

E segue o sábado e outro expresso está a caminho.

Nenhum comentário: