domingo, agosto 12, 2007

E se...


Peguei o jornal no gramado em frente de casa.

Sobre ele, uma flor amarela caída do ipê dava um toque de cor mais viva às notícias da primeira página.

Em destaque, uma grande foto da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, chegando em Brasília para a posse presidencial. Dividindo o espaço com a presidente hermana, a foto mostrava o café da manhã da família presidencial: à cabeceira, em seu último dia de mandato, o presidente Luiz Inácio Lulla da Silva. À sua direita, em seu último dia como primeira-dama, a presidente-eleita, Dona Mariza Letícia da Silva.

Senti um frio na barriga, uma dor no peito, uma congestão na respiração. Meus olhos ficaram cheios de lágrimas: era tudo verdade, não era um delírio.

A dor no peito aumentou e a falta de ar ficou pior.

O medo me tomou, associado a uma desesperança mais dolorosa que as dores.

Meu ombro começou a se agitar, estranhamente.

Emerson... Chamava uma voz, suavemente, repetindo mais algumas vezes.

Atendi ao chamado da voz.

Acordei. Era a Rosa me chamando, preocupada com meus tremores, gemidos e agitação.

Estava em minha cama, ao lado da minha mulher que me olhava preocupada, já com a luz acesa.

Estava de volta à realidade aconchegante da minha cama.

O susto passou. Tranqüilizei-a, mas não contei o pesadelo. Disse que tinha esquecido.

Tentei relaxar a cabeça sobre o travesseiro.

Que bom, foi tudo um pesadelo, não passou de um sonho mau, muito mau.

No íntimo do meu ser, contudo, uma fagulha de medo persistia...

E se...


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3 comentários:

Anônimo disse...

Cruzes vou dobrar minha dose de Lexotan. Um abraço. Maria Helena.

Anônimo disse...

Cruz credo, esse é um tremendo pesadelo!

Anônimo disse...

Emerson, sempre leio seus comentários no JA. Sempre inteligentes e espirituosos. Neste, você se superou. A Baranga maior de presidente, ninguém merece.

Abraços,

Sidney