quarta-feira, agosto 09, 2006

Tem certas cismas...


Sabem aquelas cismas bobas, sem pé nem cabeça?

Aquela coisa estranha, sentimento forte e difuso que às vezes toma conta da gente, de repente, sem mais nem menos, e nos deixa travados? Bom, nunca cheguei a ficar travado, vai aí um pouco de exagero, mas, embora me declare e me pense como um ser racional, sou meio dado a cismas.

Uma de minhas mais antigas cismas é com relação aos aviões com as turbinas na traseira. O que sempre achei natural num caça, sempre achei estranho e vi com péssimos olhos nos aviões de passageiros. Bi ou tri-reator, não importa, nunca me agradou ver turbina onde nada deveria existir. E não ver as turbinas onde elas sempre devem estar, sob as asas.

Que me perdoem os engenheiros aeronáuticos, mas não dá.

Cliente TAM desde sempre, desde o começo da empresa, inclusive nas ligações de São Paulo com o interior, principalmente Marília, acabei voando incontáveis vezes e horas nos Fokker-100. De São Paulo para toda parte do Brasil. Mas, sei lá, movido pelo irracional escondido no fundo de cada um e que às vezes dá o ar de sua graça ou falta de à superfície, mudei algumas viagens para a VARIG e até para a velha VASP, por conta do “não quero voar nesse Fokker”. Incompreensível, claro, alguém preferir voar num pterodactilo como o 737-100, inda mais da VASP, do que num Fokker da TAM, mas assim foi.

De repente, num curto período, um dos Fokker caiu em Congonhas, no famoso acidente do “reverso que abriu na decolagem”. Outro teve de fazer um pouso forçado numa fazenda próxima de Araçatuba, bem sucedido, felizmente. E em outro, ainda, uma bomba explode no ar, abre um rombo na fuselagem e um passageiro, espero que já inconsciente ou morto, é projetado para fora do avião.

Esses acidentes marcaram não a companhia, mas o avião. E a minha cisma transformou-se em certeza: há muitos anos não vôo em Fokker 100, exceção feita a um Manaus-Santarém-Manaus, por absoluta falta de opções.

Na próxima 2ª-feira vamos pegar mil quilômetros de estrada para o interior de Santa Catarina. Poderíamos ir de avião, há vôo para Chapecó, mas a perspectiva de voar pelo Brasil nesse momento de bagunça e crise no transporte aéreo, o alto custo da viagem e, sobretudo, o fato de ter que viajar em Fokker 100, desestimularam-me por completo. Optei pela rodovia.

Ainda ontem, conversando com alguns amigos sobre futebol, vi duas ou três menções a aviões, portas que caem e não sei que mais. Meio distraído, por conta de notícia desagradável – mais um roubo, o sétimo – vinda do sítio, não dei muita bola. Hoje cedo, para minha surpresa, deparo com a notícia na primeira página do jornal: “Fokker da TAM decola e porta cai em supermercado” – era sobre isso que o pessoal falava.

Cisma?

Nada, é convicção mesmo.

Fokker 100? Mantenham-me fora, por favor.



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4 comentários:

Anônimo disse...

Grande língua portuguesa!

A cisma.

O cisma.

Parecenças desiguais que abalam.

Sísmicos.

Anônimo disse...

Grande língua portuguesa!

A cisma.

O cisma.

Parecenças desiguais que abalam.

Sísmicos.

Anônimo disse...

Emerson,

O Efeito Bergkamp?

Pegue o trem, o ônibus, ou as chaves do carro.

Voar à tôa? Nem aqui nem acolá.

E Sta Catarina é tão logo ao lado...

Anônimo disse...

nao teno problemas com aviao, nunca uso mesmo..Ontem ao sair da prefeitura de Vitoria ES, quak nao foi minha surpresa ao ouvir vindo dali de perto, de uma arvora na porta,o canto de um Sábia..na hora me veio a mente seus passaros pretos em sua poça d'agua...tem noticias ...