domingo, junho 25, 2017

O contra-ataque da falsa verdade

O contra-ataque da falsa verdade

André Singer foi porta-voz e secretário de imprensa na presidência de Luiz Inácio Lula da Silva. Consta em seu currículo que é “cientista político” e é professor da USP, onde se formou em ciências sociais e jornalismo.

Singer é colunista do jornal Folha de S.Paulo, um jornal que tem um corpo de colunistas tão grande quanto variado em suas tendências ideológicas, representando, creio que bem, o pensamento político brasileiro.


Na edição de ontem, sábado, 24 de junho do Ano da Graça de 2017, como se escrevia em priscas eras, Singer escreveu o texto que transcrevo integralmente mais abaixo.
O título é poderoso: “Delação da JBS revela corrupção selvagem”; poderoso, forte, não é mesmo?

Sim, muito forte, mas atrasado muito tempo, afinal, a “corrupção selvagem” foi revelada na delação de Marcelo Odebrecht e nas delações dos então virtuais donos da Petrobras, a estatal que foi usada como caixa pagadora de roubos que fariam Ali-Babá e seus 40 ladrões se esconderem nos chinelos com vergonha de suas insignificâncias.

A “corrupção selvagem”, que nada mais é que a transformação da velha, doméstica, histórica e comezinha corrupçãozinha em programa, ferramenta e estratégia de poder, além de enriquecimento pessoal, teve seu início com a chegada dos “companheiros” do PT e seus aliados ao poder. Ao poder federal, pois no nível municipal ela já era prática corriqueira, como prova o assassinato até hoje não esclarecido do então prefeito de Santo André, Celso Daniel. E, muito provavelmente, o assassinato de outro prefeito petista, o de Campinas, Toninho do PT. Entre os dois assassinatos decorreram pouco mais de 3 meses... 

Três meses... Há quem acredite em coincidência.



Bem, voltemos à “corrupção selvagem” em seu viés singerista.

O texto de Singer tem 418 palavras. Nelas, ele refere-se a Michel Temer de forma direta ou indireta, 4 vezes. E a Aécio Neves refere-se 3 vezes.
Em um trecho, o “cientista político” diz “o faturamento do grupo subiu de R$ 4 para R$ 170 bilhões entre 2006 e 2016”, mas não diz uma palavra sobre o que permitiu tal crescimento.

Ou melhor, diz, sim: “A cada obstáculo, os empresários iam comprando, igualmente, homens públicos por baciada. Não espanta que tenham terminado com uma carteira de 1.800 deles no bolso”...

Não é elegante essa escrita?
E despudorada?

Talvez por ser “cientista político” Singer tenha esquecido, se é que o soube, que esse crescimento deu-se com dinheiro tomado ao BNDES a juros de 4% ao ano. 

Para abastecer o caixa do banco de desenvolvimento, o Estado, na forma do governo petista, pegava dinheiro no mercado e pagava por ele 14% ao ano. A falta de conhecimento (?) de Singer das coisas vis da vida, como é o dinheiro, impediu (?) que ele soubesse que o joesley, seu irmão e cúmplices, pegaram dinheiro no BNDES mesmo tendo ficha suja, mesmo aparecendo como maus pagadores do – pasmem! – INSS. Maus pagadores, grandes devedores do INSS e o governo emprestou/deu-lhes bilhões e bilhões...


Apesar de colocar o período de crescimento de joesley et caterva, colocando como fonte a revista Exame, Singer mostrou o boi, mas não falou o nome do boi.
Ganha um doce quem acertar o nome desse boizão...

É o boi lula-rousseff.


Em minúsculas, escriba? São nomes próprios, tal como Joesley, e portanto devem ser escritos com inicial maiúscula.

Ah, é? Ora pílulas, por que cargas-d’água eu devo escrever esses nomes respeitosamente com iniciais maiúsculas?
São bandidos. São ladrões. São enganadores. Que diabo de respeito merecem?
Por mim, apenas o respeito da lei. É o máximo e é o mínimo, ao mesmo tempo.
E já está bom demais, vá saber que tipo de respeito existiria em situações semelhantes na RPC ou na Coreia subdesenvolvida, a nortista...


Como dizia, os nomes Lula e Rousseff (ah, o respeito às normas gramaticais...), cujos portadores abriram os cofres republicanos para os donos do JBS, com as necessárias contrapartidas, é claro, para cofres pessoais e partidários (será que o ministro do Supremo que fez campanha por Rousseff irá atrás desses cofres pessoais ou vai se contentar com as denúncias do dinheirinho “di pinga” entregue para os atuais denunciados?), não aparecem no texto do cientista político, ex-porta-voz e secretário de imprensa de um dos nomes ocultos. 
Um mero esquecimento é que não foi...


Ao ler o texto do Singer mais abaixo, atentem para o elegante “corrupção à moda antiga...”
Atentem, também, à culta, esperta, malandra citação de Abraham Lincoln...
E tirem as ilações devidas.



Esse texto do Singer é importante, é muito importante.
Ele sinaliza a palavra de ordem do momento: força total contra Aécio e Temer.

Delenda est PMDB!

Delenda est PSDB!


Nesses dois partidos (o PMDB não é um partido na acepção da palavra) reside a semente, a árvore e os frutos do mal.

Nada mais se fala do PT. Ou, quando muito, muito pouco se fala.
Singer, por exemplo, nem o nome do partido cita.


Se alguém disser que não é isso sintomático, não sei mais o que seja sintomático.

A ideia é, simplesmente, igualar o PT aos outros. 

O PT é só mais um, todos são iguais, todos são igualmente ladrões, o que é lindo num país em que a mulher pobre que rouba alguns produtos de supermercado pega 7 anos de cana brava e o joesley (de volta à minúscula) pega zero cana e fica livre, leve, rico e feliz em Noviorqui, frequentando pontos chiques, inclusive, segundo imagens que correram pelas redes sociais, sex shop.


Pois é, todos são ladrões, todos são iguais.


Direta já!
O grito pelo qual tanto lutamos durante a ditadura militar está agora prostituído.
“Direta já!” interessa, de fato, a um só grupo, o mesmo grupo que açambarcou o poder entre 2003 e 2016. E que, tecnicamente, ainda detém o poder, pois o atual presidente foi eleito por esse grupo.

Como se diz em moderno português...
#ficaadica


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Delação da JBS revela corrupção selvagem


A delação de Joesley Batista, recém-validada pelo STF, bem como a entrevista do mesmo à revista "Época", permite vislumbrar aspectos novos do processo em curso no Brasil. A narrativa dos Odebrecht revelava detalhes do sistema sedimentado que ligava empreiteiras e candidatos desde os anos 1940. Já as peripécias contadas pelo dono da JBS parecem dizer respeito a modalidades meio improvisadas, típicas de certo novorriquismo da corrupção recente e, ainda, em estágio de provas.
Perto do "departamento de operações estruturadas" do conglomerado baiano, a sistemática onívora da JBS soa caótica. Tomados por uma febre juvenil de crescimento, os donos do frigorífico adquiriram, em poucos anos, não apenas congêneres em dificuldade no exterior, mas indústrias de alimento em geral, e até a tradicional Alpargatas, para não falar de uma fábrica de celulose e de uma usina termelétrica. Com isso, o faturamento do grupo subiu de R$ 4 para R$ 170 bilhões entre 2006 e 2016 ("Exame", 7/6/2017). Enriquecimento súbito.
Uma expansão tão acelerada implica também centenas de problemas urgentes a resolver, desde a obtenção de empréstimos e coinvestidores de alto poder financeiro até a compra de gás direto da Bolívia, bypassando a Petrobras. A cada obstáculo, os empresários iam comprando, igualmente, homens públicos por baciada. Não espanta que tenham terminado com uma carteira de 1.800 deles no bolso.
Uma vez compreendido o mecanismo, torna-se fácil remontar o que ocorreu. Políticos dispostos a se vender existem, e sempre existiram, em todas as democracias do mundo: havendo dinheiro, o negócio fecha. Lembre-se, caro leitor ou cara leitora, do filme "Lincoln", já citado aqui, e o modo como se deu a conquista da emenda que, finalmente, declarou extinta a escravidão nos Estados Unidos da América.
Surpreende, contudo, a facilidade com que personagens tradicionais, experientes e alocados no topo do Estado, como Michel Temer ou Aécio Neves, caíram na rede estendida pelos Batista. A serem verdadeiras as histórias contadas, o presidente da República era pródigo em pedidos domésticos, como o pagamento de um aluguel ou a ajuda a um amigo. Nas palavras do delator, apresentava seus pleitos de maneira despojada. Se não fossem atendidos, paciência; depois, viriam outros.
De fato, o diálogo gravado com Temer no Palácio do Jaburu em março trai o clima ameno de "eu te ajudo, você me ajuda, e está tudo bem". Do mesmo modo, o pedido fatal do presidente afastado do PSDB —igualmente grampeado— destinava-se a gastos pessoais.
Ambos acabaram, no fim, mais expostos do que os envolvidos na "corrupção à moda antiga". 





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 André Singer - Folha de S.Paulo - 24/6/2017

Delação da JBS revela corrupção selvagem


A delação de Joesley Batista, recém-validada pelo STF, bem como a entrevista do mesmo à revista "Época", permite vislumbrar aspectos novos do processo em curso no Brasil. A narrativa dos Odebrecht revelava detalhes do sistema sedimentado que ligava empreiteiras e candidatos desde os anos 1940. Já as peripécias contadas pelo dono da JBS parecem dizer respeito a modalidades meio improvisadas, típicas de certo novorriquismo da corrupção recente e, ainda, em estágio de provas.
Perto do "departamento de operações estruturadas" do conglomerado baiano, a sistemática onívora da JBS soa caótica. Tomados por uma febre juvenil de crescimento, os donos do frigorífico adquiriram, em poucos anos, não apenas congêneres em dificuldade no exterior, mas indústrias de alimento em geral, e até a tradicional Alpargatas, para não falar de uma fábrica de celulose e de uma usina termelétrica. Com isso, o faturamento do grupo subiu de R$ 4 para R$ 170 bilhões entre 2006 e 2016 ("Exame", 7/6/2017). Enriquecimento súbito.
Uma expansão tão acelerada implica também centenas de problemas urgentes a resolver, desde a obtenção de empréstimos e coinvestidores de alto poder financeiro até a compra de gás direto da Bolívia, bypassando a Petrobras. A cada obstáculo, os empresários iam comprando, igualmente, homens públicos por baciada. Não espanta que tenham terminado com uma carteira de 1.800 deles no bolso.
Uma vez compreendido o mecanismo, torna-se fácil remontar o que ocorreu. Políticos dispostos a se vender existem, e sempre existiram, em todas as democracias do mundo: havendo dinheiro, o negócio fecha. Lembre-se, caro leitor ou cara leitora, do filme "Lincoln", já citado aqui, e o modo como se deu a conquista da emenda que, finalmente, declarou extinta a escravidão nos Estados Unidos da América.
Surpreende, contudo, a facilidade com que personagens tradicionais, experientes e alocados no topo do Estado, como Michel Temer ou Aécio Neves, caíram na rede estendida pelos Batista. A serem verdadeiras as histórias contadas, o presidente da República era pródigo em pedidos domésticos, como o pagamento de um aluguel ou a ajuda a um amigo. Nas palavras do delator, apresentava seus pleitos de maneira despojada. Se não fossem atendidos, paciência; depois, viriam outros.
De fato, o diálogo gravado com Temer no Palácio do Jaburu em março trai o clima ameno de "eu te ajudo, você me ajuda, e está tudo bem". Do mesmo modo, o pedido fatal do presidente afastado do PSDB —igualmente grampeado— destinava-se a gastos pessoais.
Ambos acabaram, no fim, mais expostos do que os envolvidos na "corrupção à moda antiga". 





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