Noite estrelada, Marte na cabeça
Marte e Vênus continuam alinhados, mas já um pouco mais
distante, mesmo assim, um pouco mais cedo, na boca da noite, estavam bonitos de ver e ficar pensando a respeito.
Sob as copas das árvores ao longo do carreador que leva à porteira
a escuridão é quase praticamente total nos primeiros minutos. Lentamente, os
olhos vão se habituando e alguns contornos vagos aparecem. A céu aberto, a luz
das estrelas já permite caminhar com mais velocidade e maior segurança.
É estranho caminhar sem o auxilio de luz para tudo.
Os cachorros, preguiçosos, ficaram deitados em seus panos e
acolchoados, olhando pra mim e pensando: aonde ele vai, o que vai fazer, por
que não está lá dentro nos seus panos?
As vacas estão deitadas, ruminando, talvez filosofando,
talvez pensando sobre Marte...
A noite está silenciosa, até um pouco estranha. Os únicos ruídos
são dos insetos.
Fecho a porteira, bato o cadeado unindo as duas pontas da
grossa corrente. Nesses tempos bicudos, a porteira trancada dá uma ilusória sensação
de segurança, mas o ilusório é melhor que nada.
Volto pra casa sem ligar a lanterna, andando no escuro,
pensando sobre Marte.
Não pensei em política, não pensei em futebol, não pensei em
dinheiro & contas a pagar.
Pensei em Marte, pensei sobre estrelas, pensei sobre
cavernas e fogueiras e de novo sobre o céu estrelado.
Como será a vista da Terra desde Marte?
Preciso ir fechar a porteira mais vezes.
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