terça-feira, agosto 06, 2013

Ele chegou, o agosto



O mês tinha começado há alguns dias, mas não tinha chegado. Era agosto, mas não era. Fazia frio durante a noite e os dias estavam frescos, agradáveis, bons para ficar trabalhando fora de casa. Não era agosto, não importa o que dissessem as folhinhas e agendas e sites internéticos.
Ontem, porém, o calor chegou. No meio do dia parecia que estávamos em pleno dezembro, não fosse a secura do ar já presente. Mas não ventava. Era quase agosto, mas ainda não era o agosto.
Hoje venta. Começou durante a madrugada e não parou.
A grama está seca, pode-se andar por ela de chinelo ou sandália e os pés permanecem secos em plena madrugada.
Está seco, tudo seco.
Já ontem o horizonte estava embaçado, sem a transparência cristalina de um governo europeu ocidental social-democrata, mais com cara e jeito da transparência brasiliana: opaca, pouco penetrável, decididamente fechada aqui e ali.
Isso, sim, tinha a cara de agosto.
Enfim, agosto chegou.
Quente, seco, ventoso, desagradável...
O mês do desgosto. Ameniza-o, e muito, os aniversários de meu neto e minha filha. Não bastam, porém, para mudar o estado dos pastos, a opacidade das folhas das árvores, a poeira depositada sobre tudo e toda parte, os olhos secos, vermelhos, irritados, fazendo do colírio ferramenta obrigatória durante o dia inteiro e até no começo da noite. Nesses dias, o lugar mais confortável da casa é o banheiro, durante o banho, com a umidade tomando conta de tudo. Pena que não pode durar muito.
Até na política agosto tem lá seus desgostos, maiores que os gostos. E na noite de ontem, típica noite agostina, um programa tradicional (que já foi muito melhor, mas continua sendo razoavelmente bom) abriu espaço para uns defensores e praticantes de uma tal “mídia ninja”. Foi bom, sempre é bom vermos cair a máscara de quem se traveste em democrata.
Somente num regime democrático é possível vermos os inimigos do regime falando com total liberdade. É chato, mas é bom à bessa (ou à beça, como bestamente quer a Academia).

Numa democracia há vida, o que não se pode falar do resto.

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