quarta-feira, maio 22, 2013

Aconchegante barulho, doce perfume, velha preocupação



Depois de mais de 30 dias de estiagem está chovendo.

A primeira pancada chegou de repente, sem as fanfarras chatas, barulhentas e perigosas das tempestades de verão. Hoje ela chegou em silêncio, simplesmente começou a cair sobre a camada de poeira que recobre as folhas das árvores, os telhados, os carros, o capim miudinho.

Enquanto ouvia o barulho aconchegante da chuva caindo e do pinga-pinga nas laterais da casa, tirava o 
pijama e colocava a roupa de trabalho. Na varanda da cozinha calcei a bota de borracha de cano alto e com a lanterna numa mão e guardachuva na outra, fui ver os cochos das vacas, preocupado com a presença da cana picada à qual adicionamos ureia. No cocho de cima nada mais restava, o que significa que precisaremos aumentar a quantidade amanhã, ao passo que os cochos das goiabeiras tinham somente alguns restos, nada que preocupe.
(A chuva agora está mais forte, continuando sem vento, felizmente.)

Talvez agora a terra fique mesmo molhada, pois a primeira pancada mal e mal, ou malemá, como diziam minha avó, minha mãe e minhas tias (como a Dercy, mãe da minha prima Solange Men), molhou a poeira. Agora não, agora chove de verdade e mais um pouco a água começará a se infiltrar no solo. Pouco ou nada adiantará para nossos pastos, uma vez que para os capins tropicais não basta a umidade, há necessidade de calor e bastante luz – do Sol, claro.

Foi bom demais ir examinar os cochos, pois permitiu sentir o perfume gostoso da terra molhada.
Está ótimo para dormir, mas... 
Cadê o sono que me dominava? Certamente perdi-o lá fora, enquanto andava dos cochos de cima para os cochos das goiabeiras. Espero que volte logo o bandido, pois a hora de deitar já passou.

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