A manga, grande e amarela, bonita, destacou-se facilmente na frente do carro, no meio da estradinha que dá acesso à nossa casa. Há muitas mangas nesse ano, em alguns dias o trajeto do carro fica cheio delas, derrubadas pelos ventos fortes das tempestades de verão, em parte.
As mangueiras ladeiam a pequena estrada, dos dois lados, cresceram, em alguns pontos formaram um túnel. O caminhão do leite, com seu tanque alto e as guardas para proteger o operador no alto do tanque, faz e refaz um verdadeiro túnel a cada entrada que faz por aqui, sempre depois das chuvas que impedem seu acesso pela outra entrada. Ao formar o túnel, quebrando galhos, derrubando folhas, também joga no chão enorme quantidade de grandes frutas. É o responsável pela outra parte das frutas caídas.
Dá dó, a perda é grande. Essa é uma das coisas que ainda existem no Brasil rural, mas não mais em todo, já que boa parte das propriedades não tem mais essas alamedas formadas por árvores frutíferas. Quando árvores existem, são eucaliptos, pinheiros, grevíleas... Sem graça, mas comportadas. Não atraem muitos pássaros, assim como tampouco atraem marimbondos, vespas, moscas e toda a passarada que gosta de insetos e frutas. É uma escolha, típica dos novos tempos.
Paro o carro, desço e pego a grande manga amarela. Já está com dois ou três buracos onde insetos diversos fazem a festa depois que os passarinhos começaram e deixaram para trás. É pesada, tem muito mais de meio quilo, deve estar próxima do quilo cheio. A poucos metros, do outro lado do cordão eletrificado, a Bonita e a Alvorada observam. As vacas estão viciadas em mangas nessa temporada. Algumas delas ficam com os focinhos amarelados quando pastam na sombra das mangueiras. Não pastam, chupam mangas. Ponho a pesada fruta no chão, ao alcance da boca da Bonita que não perde tempo. Perto tem outra, menor, que pego e dou para a Alvorada. Pronto. Justiça social feita, acepipes distribuídos igualmente, volto para o carro e vou para casa. O dia termina.
As variedades de mangas são muitas. De nome, conheço somente a borbon, a velha rainha das mangas. As outras são das variedades modernas, com nomes ingleses: Keith, Palmer, Haden (não é americano esse) e outras. Ignoro quem seja quem, não peço identidade na hora de saboreá-las. Com tanta manga dando sopa, é comum termos travessas cheias de gordos pedaços amarelos dessa fruta tão gostosa. Gosto dela firme, madura, mas não muito. Algumas até prefiro na passagem inicial de verde para maduras. Questão de gosto. Alguns minutos na geladeira são o suficiente para deixar os pedaços no ponto exato. Prazer puro que refresca e alimenta. Parece frase de propaganda, mas é o que saiu da minha cabeça.
Paro por aqui, afinal, a barriga está cheia, satisfeita e, depois dessa frase publicitária, sei lá o que sairá dessa cabeça.
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