segunda-feira, outubro 06, 2008

Beleza é fundamental


Beleza é fundamental, sim.


Estava certo o poeta, embora essa frase deva ser tomada pelo sentido mais amplo e não meramente pelo físico, pelo estético. Nesse texto, porém, ela deve ser tomada pelo seu significado mais imediato: a beleza física.


Mas não estou me referindo a nenhuma mulher, se bem que o foco dela não só tem características femininas, como merece ser tratada como uma mulher. Falo da cidade de São Paulo, a minha São Paulo, que ontem, para surpresa de todos, inclusive eu mesmo, deu ao prefeito Gilberto Kassab o primeiro lugar na eleição, à frente da ex-prefeita Marta Suplicy e do ex-governador Geraldo Alckmin.


E o que tem a ver beleza com os votos de Kassab?


Muito, tem muito a ver.


Quando foi indicado para ser o vice de José Serra, eu fui um dos muitos, inúmeros paulistanos que chiaram uma barbaridade. Não queria um cara do PFL, queria um cara do próprio PSDB, alguém afinado com Covas, Serra, Fernando Henrique e o Alckmin. Tivemos, porém, que engolir o Kassab.


Tão logo Serra deixou a prefeitura e assumiu o governo do Estado, o prefeito começou a botar suas manguinhas de fora e logo de cara apareceu com um tal de Cidade Limpa.

Antes de ler o projeto já saí criticando, felizmente, apenas para mim mesmo. Tão logo li, achei legal, mas achei que não passaria de um factóide.


Pobre cidade de São Paulo.


O tempo passou.


O Cidade Limpa “pegou”, apesar dos protestos, apesar das liminares, apesar das lutas políticas, apesar de um monte de coisa, “pegou”.

De repente, a velha cidade de São Paulo estava visível, não mais escondida por outdoors, painéis gigantes, luminosos berrantes e horríveis, nada mais disso.

Lá estava ela, bonita, em muitos lugares, em outros nem tanto, mas pelo menos, limpa.


Beleza e limpeza.


Comecei a ter prazer em ficar alguns minutos parado no trânsito, olhando fachadas há muito escondidas, vendo ruas e avenidas sob uma nova perspectiva, sem anúncios espalhafatosos. A Avenida Rebouças, conhecida íntima de muitos e muitos anos, estava de novo bonita, agradável de ver.


Dei-me conta, então, que tínhamos um prefeito de fato.


Tínhamos alguém preocupado com a cidade, com seu funcionamento, sua aparência, claro, afinal, como disse o poeta, beleza é fundamental.


Até que li que a Prefeitura contribuía financeiramente com o Rodoanel. Fantástico.


E com o Metrô!


Que coisa incrível!

Um prefeito que enxergava muito além de seu curto, curtíssimo mandato.


Claro, muita coisa há para resolver, ainda.


E assim continuará por décadas.


Não haverá prefeito capaz de executar milagres na condução dessa cidade. Na vida real, a vida que vivemos, essas coisas levam tempo, são negociadas, interesses adversos têm que ser vencidos ou negociados, por aí vai.


Mas saber que, finalmente, tínhamos um prefeito trabalhando de verdade em prol da cidade, deu outro ânimo.


Algumas vezes, também, tive a oportunidade de ver o prefeito sentado a dois ou três metros apenas, no Morumbi, assistindo a um jogo do São Paulo. Sem seguranças, sem entourage, sem frescuras. Quieto lá em sua cadeira, curtindo alguns minutos do jogo sem ninguém para atrapalhar.

Ainda bem que o pessoal em volta sente a mesma coisa e respeita o direito dele ver o jogo em paz.


Gostei disso, também.

Desse despojamento, dessa falta de pompa e séquito.


Votei nele, é claro.


Aqui em casa todos votamos nele.


Voto de cabresto, claro.


O cabresto correto, porém, melhor chamado de “cabresto”.


Votamos porque vemos uma cidade mais bonita, mais gostosa, porque sabemos que ele está trabalhando e fazendo, bem ou mal, o que está dentro de suas possibilidades para melhorar em alguma coisa a vida nessa metrópole, parte maior de uma megalópole que caminha para os 22 milhões de habitantes e que vai bater quase 25 milhões quando formar uma grande unidade com Campinas.


Absurdo, mas inevitável.


Agora virá o segundo turno.


Estou convicto que ele vencerá a candidata do presidente da República e seu partido.

Quero muito isso, tanto que de forma alguma perderei essa eleição.

Farei questão de depositar, ops... de marcar meu voto na urna eletrônica.


E, somente então, desejar ao prefeito mais 4 profícuos anos à frente da cidade de São Paulo dos campos de Piratininga.



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Um comentário:

minicritico disse...

Ê, direita véia de guerra!