Dias confusos.
Corridos, preocupantes, ocupados ao extremo, agravados pela implantação de três pontes de safena em meu sogro, e depois um AVC, felizmente leve, mas, assim mesmo, traumatizante e muito preocupante. Lentamente a vida vai voltando ao seu eixo, e até por conta disso, acabei ficando bastante tempo
Choveu, finalmente, e choveu bem, a chuva certa, do jeito certo, na hora certa. Mansa, sem causar enxurradas, sem provocar erosão, caindo levezinha por horas a fio. As noites já ficaram mais frescas ainda no verão que findou, dando lugar a esse outono que começa gostoso: fresco e úmido.
Março e abril parecem meses em que se torna mais fácil avistar animais que moram em nossa região. Nesse final de semana, contrariando minhas instruções, o rapaz que cuida dos cascos e ferraduras do Brioso viu uma jararaca próxima à mina e matou-a. Inutilmente, atrevo-me a dizer, apesar de sua ponderação que ela “ia sair dali e podia pegar uma vaca, uma novilha...” Sim, é verdade, ela poderia sair dali, do entorno da mina e do córrego, no meio do capão de mato que protege a água. Mas, por que sairia do seu habitat natural e predileto? É raro encontrarmos jararacas fora da matinha da mina, onde o gado não entra, a menos que por acidente (até porque o gado não deve ter acesso à água em córregos ou açudes, e sim nos cochos). Curiosamente, porém, é comum encontrarmos jibóias nas proximidades da mata, e até no barracão do curral há algumas semanas. E cascavéis, claro, mas, apesar desse plural, vi somente uma cascavel nesses anos todos, e dentro do barracão. Consegui capturá-la e trouxe-a para o Butantan, uma senhora cobra de
Também nesse final de semana avistei, uma vez mais, o que me parece ser uma irara, já terminando de cruzar o asfalto e entrar na macega que margeia o Rio Clarinho. Não foi a primeira vez que avistei esse animal, de corpo esguio e preto, pelo brilhante, cauda longa. E esperto como o diabo, pois nunca consegui flagrá-lo de corpo inteiro, sempre só a metade traseira e o rabo, já adentrando a vegetação que margeia a estrada. Perto da chácara do meu sogro, como gosto de entrar por uma estrada de terra que corta uma área que deveria ser uma reserva, avistei um mutum-pinima bebendo água numa das poças d’água criadas pelas chuvas. Tão logo viu o bico do meu carro, virou-se e entrou no cerradão que marca o local. Aqui, na Granja Viana, eles eram comuns, inclusive freqüentando as árvores do terreno ao lado de casa, mas agora sumiram. Creio que a construção de mais casas e o conseqüente desmatamento, afastou-os daqui; uma pena, e em breve os sagüis – que hoje apareceram cedo em busca de comida – terão sua área tão diminuída que irão, simplesmente, desaparecer.
No sítio fechamos o primeiro silo, uma mistura de capim com milho. Ficou pequeno e muito caro. Incrível como o dinheiro é consumido em qualquer coisa, qualquer atividade realizada no sítio. E, para entrar... Bom, velha e triste história. Pronto o silo, descobri que seria 40% mais barato comprar silagem pronta, de milho, de qualidade muito superior à recém-feita. Agora, Inês é morta e não adianta chorar. Nos próximos dias terei de fazer outro silo, esse de cana, e no tamanho certo: por volta de 45 toneladas. Vai ficar caro, também, mas não há outro jeito, pois a seca já se avizinha e, de repente, não mais que de repente, a gente acorda e vê que não tem pasto algum pras vacas.
E a vida vai seguindo enquanto isso.
Doei um bezerro Jersey pro leilão de arrecadação de fundos para ajudar as obras da reforma da igreja de Santa Rita. Dá dó ver o bichinho ir embora.
O pessoal admirou-se com sua mansidão e docilidade. Basta dizer que nem precisamos tocá-lo para o embarcadouro: o motorista do caminhão, o Ismael e eu conseguimos levantá-lo e colocá-lo no caminhão. Ficou na memória seus grandes olhos escuros olhando para mim e para os irmãos no piquete, comendo o feno que ele também estava comendo. Não gosto dessa parte da vida no sítio, mas é assim que ela é, seja no sítio ou na cidade. O Gilberto, nosso leiloeiro “oficial”, disse que procuraria destacar que o bichinho é bom para ser criado como touro para cobrir vacas mestiças ou holandesas. Tomara que seja esse seu destino e viva confortavelmente.
Isso, por sinal, consolidou minha decisão de trabalhar com inseminação artificial o mais breve possível, usando sêmen sexado, ou seja, sêmen que vai gerar fêmeas com 95% de certeza. Custa caro, é claro, mas mesmo assim compensa, pois é mais barato criar uma fêmea do que um macho, além de evitar o dissabor de ter de se livrar de bezerros machos.
Peguei uma caixinha de leite no mercado...
R$ 1,70...
Para pagar essa única caixinha, preciso produzir e vender cerca de
A caixinha é “longa vida”, chique no úrtimo, coisa de país rico. Em países pobres, como os Estados Unidos, o leite é comprado em embalagens plásticas com um galão de capacidade (quase
Um comentário:
Bom ter você de volta. Melhoras para o sogro e que a vida siga tranqüila no
sítio.Maria Helena
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