O presidente da Bayer disse, em coletiva, que a marca
Monsanto será extinta, não mais será usada nos produtos que a companhia criou e
desenvolveu.
Embora esperada, essa é uma notícia muito triste para mim e
para dezenas de milhares de pessoas por todo o mundo que tiveram a felicidade
de trabalhar na Monsanto Company.
Muita felicidade!
A Monsanto foi uma escola maravilhosa nos mais diversos
aspectos.
Ali aprendi muito nas mais diferentes áreas.
Tive e tenho um orgulho enorme, um prazer imenso, de ter
dado minha microscópica contribuição para o crescimento do uso de Roundup em todo o Brasil.
Graças à Monsanto eu conheci todo esse imenso Brasil agrícola, um mundo
maravilhoso que os brasileiros, em sua maioria, desconhecem.
Percorri quilômetros infindáveis em pleno agosto, muitos agostos, pelos
vastos cerrados nos meados dos anos oitenta, vendo as nuvens de poeira que o
vento levantava dos solos arados e gradeados.
Poucos, pouquíssimos anos depois,
já no fim daquela década, os mesmos quilômetros, milhares deles por BRs e
vicinais, muitas em terra, BRs inclusive, já não via as nuvens de poeira. Já
não vi os ventos quentes e secos levantarem os “rodamoinhos” ou “remoinhos” de
terra vermelha subindo para o céu.
O plantio direto já estava em uso.
Os agricultores brasileiros, heróis, heróis de verdade e não
de propagandas, em poucos anos adotaram a nova tecnologia, apreenderam, tanto
quanto aprenderam, o conceito de produzir sem mexer na terra, sem arar, sem
gradear, sem pulverizar o solo.
Plantio direto.
Solo protegido.
Natureza protegida.
Rios cristalinos, mesmo depois de pancadas de chuva
homéricas.
Tudo isso graças ao Roundup, um produto maravilhoso que
revolucionou a agricultura mundial.
Ah, eu sei, falam mal de Roundup. Falam mal da Monsanto.
Sem problemas, a humanidade é assim mesmo, paciência.
Críticas feitas por quem não conhece agricultura.
Críticas feitas por quem não faz agricultura.
O que torna fácil demais criticar.
E sem valor algum.
A Monsanto não parou no Roundup, ela foi muito além com sua
contribuição à agricultura e ao combate à fome nesse planeta.
A Monsanto introduziu as plantas geneticamente modificadas
e, antes delas, o Lactotropin, marca comercial da somatotropina bovina,
fantástica ferramenta para aumentar a produção de leite.
Foi, para mim, um momento
maravilhoso, poder acompanhar e colaborar com a introdução desse produto no
mercado, uma categoria nova, revolucionária, que, acreditava, mudaria para
melhor as perspectivas da humanidade.
As plantas geneticamente modificadas, começando pela soja,
maior fornecedora de proteínas desse planeta, melhoraram e aumentaram a produção
de alimentos. E também baratearam seus custos de produção em termos reais.
Ao mesmo
tempo, propiciaram a prática de uma agricultura com menor dispêndio de energia
para a produção de alimentos... Não na mesma quantidade, mas em quantidades
maiores! Mais alimentos com menos energia no sistema de produção.
Uma marca atacada
Infelizmente, porém, forças diversas e espalhadas por muitos
países atacaram esses desenvolvimentos desde o começo. Tal como ocorreu quando
as primeiras vacinas chegaram ao mercado.
Os ataques foram fortemente concentrados na Europa Ocidental
e permanecem.
Pessoalmente, acredito que o fato de a empresa ser americana
em muito contribuiu para a violência e persistência dos ataques.
Sempre acreditei e sigo acreditando que há um fundo político
por trás deles. Assim como há distorções e informações erradas. Erradas e
propositais.
A dar-se crédito ao que dizem os detratores, as autoridades
de saúde e ambiente dos Estados Unidos da América são tão ignorantes quanto
venais. Não vou me alongar nisso tão grande é o absurdo dessa ideia, e quem tem
um mínimo conhecimento do que seja a América, como os americanos se referem ao
seu país, entenderá a grandeza desse absurdo.
Agora, com a Monsanto extinta e existindo somente a Bayer, acredito
que haverá uma mudança no teor e na intensidade dos ataques. Certas coisas não morrem
ou morrem devagar demais, como o nacionalismo cego e exacerbado, ainda que sob
mil disfarces moderninhos e de nomes sonoros e bonitos.
E vazios.
A Monsanto me deu muito mais que conhecimento.
A Monsanto me deu uma segunda família.
Conheci e trabalhei com pessoas maravilhosas, com as quais
aprendi e com as quais ainda hoje convivo. Aliás, convivemos. Os “ex-Monsanto”
têm muito em comum, começando pelo amor à companhia e, também, não se assustem,
gratidão.
Sim, sou grato à Monsanto pelos anos que lá vivi e pelo que
aprendi.
Podem eliminar o nome, mas o plantio direto está aí e as
plantas transgênicas também.
Pessoas comem, o solo segue protegido, os rios que atravessam
imensas áreas agrícolas continuam cristalinos.
Nisso tudo tem o dedo da Monsanto e de todos que nela trabalharam,
no Brasil e em todo o mundo.
Bom... Sim, eu sei que é meio bobo, meio cafona, meio sei lá
o quê... E estou me lixando, por isso vou terminar esse texto dizendo o que
está no meu coração:
Monsanto, eu te amo. Obrigado por tudo.
6 comentários:
Emerson, uma análise simples, única e objetiva, como é de seu modo de colocar no papel, palavras que todos nós, ou a maioria de nós, ex Monsanto, gostaríamos. Obrigado, meu amigo, por externar tão claramente nosso pensamento.
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Lindo e verdadeiro Texto, nos trás lembranças maravilhosas .
Parabéns Emerson
A Monsanto e o Roundup , construíram um legado com plantio direto, que sempre será lembrado. A Monsanto sempre foi uma empresa de vanguarda no aperfeiçoamento de profissionais, pois conceitos de gestao que vêm sendo adotados hoje por grandes empresas, aprendemos na Monsanto a 30 anos atrás. Sou muito grato a esta empresa..
Emerson, parabéns pela verdadeira e bela crônica. Todos nós, que trabalhamos na Monsanto dessa época, temos os mesmos sentimentos a respeito da Cia, do aprendizado e do coleguismo que construimos em prol da melhoria da qualidade da agricultura nacional, através da tecnologia do plantio direto, que só foi possível graças ao Roundup.
Caro amigo Emerson:
Com sua capacidade comunicativa e enorme sensibilidade você conseguiu transmitir o que muitos, se não todos de nós, ex- Monsanto, gostaríamos de dizer!!
Porque você narra exatamente o que acreditamos, sentimos e pensamos sobre a Monsanto.
Por conta disso, nada a acrescentar a não ser agradecer e mandar um abraço recheado de saudades da nossa convivência e daqueles bons tempos se 200%. Osmar Bergamaschi
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