Uma historinha fictícia...
Era uma vez uma empreiteira chamada WXYZKempreita.
Era uma grande empresa, cheia de obras por toda parte.
Vamos acompanhar uma reunião na qual nasceu uma nova obra.
- Pessoal, temos que apresentar o custo para a grande ponte
que vai ligar Partalguma a Lugarnenhum.
- Qual é a nossa estimativa de custos?
- 500 Milhões de caraminguás
(doravante C$).
- Esse custo já tem nossas margens todas?
- Como assim ‘todas’?
- As margens normais com lucro e impostos...
- Ah, já, já, tá tudo aí, só temos que fechar o custo final
que será aprovado pelos caras lá.
- Certo. Bom, nós vamos repassar C$ 50 milhões pro Fulano,
né... e mais C$ 100 milhões pro partido dele, confere?
- Confere. Não esqueça de C$ 30 milhões pro Beltrano, hein,
e cinquentinha pro partidinho dele.
- Certo... Hummmmmm... Isso dá C$ 730 milhões, confere?
- Certinho.
- Tem o nosso ‘operacional’, né... mais 70 milhões...
Fechamos em C$ 800 milhões.
- Perfeito.
- Ô Vianinha, ‘isso’ aí pra
ficar limpo tem que acrescentar quanto de impostos? Não podemos jamais deixar
de pagar nossos impostos como bons cidadãos e empresa exemplar que somos.
- Dinho, num cálculo
preliminar bota aí mais C$ 475 milhões. Esse valor paga todos os impostos e
ainda sobra uma caixinha que a gente destina pro nosso fundinho coletivo.
(Nota do Editor: atentem à ‘caixinha’.)
- ... hummm... humm...
então... é isso... mais isso... Fechamos em C$ 1.275 milhões?
- Sei não, Dinho, é sempre
bom por um “plus a mais” aí, né... Vai saber...
- Tá certo, é bom mesmo...
Quanto? 20%?
...
Então tá: custo final da
ponte de Partalguma pra Lugarnenhum:
C$ 1.530 milhões.
Custo de uma ponte maior, mais complicada e em local mais difícil que
esse, mas na China... C$ 300 milhões.
Então, meus caríssimos
pindoramenses, a ponte de Partalguma pra Lugarnenhum que custaria C$ 500
milhões, um precinho daqueles “bão”, pois a concorrência acertadinha já tinha
sido acertada – ops, redundância detected - teve seu custo real, aquele que
seria pago na China, por exemplo, multiplicado por cinco e mais uma sobrinha
pra pinga.
Ah, não podemos esquecer que a WXYZKempreita
é uma empresa séria e que paga todos os seus impostos, ao contrário de muitas por
aí.
Verdade.
Vejam que maravilha: aqueles 500
milhões já incluíam 200 milhões em impostos (pouco né, mas é um segmento
favorecido).
Agora, com o valor fechado, o
total de impostos vai para 612 milhões!
Reparem, pindoramenses, geradores
de caraminguás reais – ops – que suportam a economia nacional.
Os impostos pagam todas as contas.
Aqui, a bondosa WXKYZKempreita supersupersuperfatura o preço e
supersupersupersupersuperfatura ainda mais para pagar os altos impostos que
dela são cobrados.
Temos, então, uma fantástica contribuição
pindoramense para o mundo:
Imposto Turista!
Ele e mais 999 impostinhos saem das
burras do Tesouro Nacional, vão lá pra WXKYZKempreita, fazem uma festança. Aí,
uma parte vai pra Suíça, Luxemburgo, Cayman, Cochinchina, Timbuctu e outros
aprazíveis lugares. Outra parte, pequena, começa a circular por Pindorama, mas
a metade dela, quase isso, volta rapidinho pras burras já citadas. E,
finalmente, depois de férias na WXKYZKempreita, uma parte volta pras, de novo,
já citadas burras do Tesouro.
Entenderam?
As burras tudo abastecem e são,
teoricamente, reabastecidas por elas próprias.
Na verdade, a função real das
burras é enricar os donos e diretores da WXKYZKempreita e suas amiguinhas.
Que maravilha, né?
É a WXYZKempreita contribuindo pro progresso de Pindorama, o país que vai pra frente, que não é mais do futuro, é do aqui e agora.
Entenderam agora, cidadãos, o que
é uma bola de neve?
Ela começa em 300 e se multiplica por 5, resultando em 1530 (com os
trintinha da caixinha ‘anexados’;
ouvi dizer que esses trintinha são transformados
em champã e outros acepipes de França, Rússia, Ucrânia e outros países de belas
moças loiras... mas, sei lá, povo fala muita besteira, né...).
Welcome to Pindorama.
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