Tchau,
Preta
Hoje,
durante a manhã, 16 anos e 6 meses depois de mudarmos da Granja Viana para cá,
a Preta morreu.
Preta...
A resistente.
Dias
atrás foi a Rajada, sacrificada por um veterinário, pois já não tinha mais
salvação e só sofria.
A Preta,
coitada, sofreu estoicamente até o final.
Um ou
dois dias depois de nossa mudança, em meados de fevereiro de 2009, encontrei-a no asfalto, abandonada. Ela e mais
12 ou 13 gatinhos e gatinhas, a começar pela saudosa Lady, que foi sozinha para
o carro.
Um ano,
talvez dois, depois disso, ela sumiu. Um belo dia deixamos de vê-la por aqui. Com
o passar do tempo, passamos a acreditar que ela tinha morrido. Que pena...
Só que
não! Um ano ou mais depois de seu sumiço, ela reapareceu... Toda desconjuntada,
caminhando de forma aparentemente errática, o corpo balançando, sob controle,
sim, mas com enorme dificuldade.
Foi
atropelada? Atacada por cachorros? Pisoteada por bois e vacas?
Nunca soubemos.
Ela voltou
e retomou sua vidinha, mas, como era seu hábito, mantendo maiores distâncias de
nós e também dos membros de sua turma. Rebolando desconjuntada pra lá e pra cá,
sumindo pelo meio das árvores, sempre solitária.
No decorrer
dos últimos tempos, seu estado físico ficou visivelmente mais precário, tanto
que ela passou a dormir por aqui, nos arredores e, nos últimos meses, dentro de
casa.
Em momento
algum abandonou seu hábito e seu isolamento. Nunca confraternizou com a Rajada
ou qualquer um dos cachorros, o que a Lady gostava de fazer, ou mesmo com a Rosa
ou comigo. Uma solitária na mais perfeita acepção.
Há
dezesseis anos e meio pequei-a do chão, na beira da estrada, e coloquei-a no
carro. Hoje cedo, peguei-a do chão da cozinha, por onde não conseguia andar, só
escorregava, e levei-a para o gostoso Sol matinal, no chão de terra, grama, pequenos
galhos e folhas ao lado de nossa casa.
Ali ela morreu.
Partiu para sua última andança.