quarta-feira, agosto 13, 2025

 


Tchau, Preta




Hoje, durante a manhã, 16 anos e 6 meses depois de mudarmos da Granja Viana para cá, a Preta morreu.

Preta... A resistente.

Dias atrás foi a Rajada, sacrificada por um veterinário, pois já não tinha mais salvação e só sofria.

A Preta, coitada, sofreu estoicamente até o final.

Um ou dois dias depois de nossa mudança, em meados de fevereiro de 2009,  encontrei-a no asfalto, abandonada. Ela e mais 12 ou 13 gatinhos e gatinhas, a começar pela saudosa Lady, que foi sozinha para o carro.

Um ano, talvez dois, depois disso, ela sumiu. Um belo dia deixamos de vê-la por aqui. Com o passar do tempo, passamos a acreditar que ela tinha morrido. Que pena...

Só que não! Um ano ou mais depois de seu sumiço, ela reapareceu... Toda desconjuntada, caminhando de forma aparentemente errática, o corpo balançando, sob controle, sim, mas com enorme dificuldade.

Foi atropelada? Atacada por cachorros? Pisoteada por bois e vacas?

Nunca soubemos.

Ela voltou e retomou sua vidinha, mas, como era seu hábito, mantendo maiores distâncias de nós e também dos membros de sua turma. Rebolando desconjuntada pra lá e pra cá, sumindo pelo meio das árvores, sempre solitária.

No decorrer dos últimos tempos, seu estado físico ficou visivelmente mais precário, tanto que ela passou a dormir por aqui, nos arredores e, nos últimos meses, dentro de casa.

Em momento algum abandonou seu hábito e seu isolamento. Nunca confraternizou com a Rajada ou qualquer um dos cachorros, o que a Lady gostava de fazer, ou mesmo com a Rosa ou comigo. Uma solitária na mais perfeita acepção.

Há dezesseis anos e meio pequei-a do chão, na beira da estrada, e coloquei-a no carro. Hoje cedo, peguei-a do chão da cozinha, por onde não conseguia andar, só escorregava, e levei-a para o gostoso Sol matinal, no chão de terra, grama, pequenos galhos e folhas ao lado de nossa casa.

Ali ela morreu. Partiu para sua última andança.